Desde 2016, as associações de diabetes têm conversado com a Anvisa sobre a imprecisão de alguns glicosímetros. Em 2017, o órgão, responsável pela regulamentação dos produtos de saúde no Brasil, reconheceu a importância de uma instrução normativa, criada para que as empresas fornecedoras dos aparelhos obedecessem a padrões de qualidade que garantam a exatidão da medição.
No entanto, para as 24 associações de diabetes que integram a Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, o problema ainda não foi resolvido. Como as reclamações de imprecisão continuam pipocando, as instituições querem que a Anvisa realize testes por amostragem em glicosímetros. Atualmente há mais de 70 marcas sendo oferecidas, e a falta de um controle rigoroso pode levar pacientes a enfrentar complicações, como episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia.
Hoje em dia há dispositivos mais modernos de monitoramento contínuo da glicose – um sensor aplicado na parte superior do braço – que permitem que o paciente possa fazer leituras constantes sem a necessidade de múltiplas picadas no dedo. Entretanto, são muito mais caros que os glicosímetros tradicionais: cada unidade custa em média R$ 300 e dura 14 dias. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o país tem mais de 16 milhões de adultos afetados pela doença – no mundo, esse contingente chega a 537 milhões de pessoas. Pesquisadores da Faculdade de Economia e Administração da USP e da Unicamp calcularam que os custos totais do diabetes ultrapassam dez bilhões de reais por ano.