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Dono de clínica para dependentes químicos é suspeito de matar e ocultar cadáver de interno em MT

A Justiça Estadual decretou a prisão preventiva do dono da Clínica Terapêutica de Barra do Garças (515 km de Cuiabá–MT), voltada para o tratamento de dependência química. Carlos Leandro Leão Dias, 24 anos, é acusado de homicídio e ocultação de cadáver de um dos pacientes do centro de reabilitação. Ainda segundo as investigações do caso, os internos da unidade eram submetidos a situações extremas de violência e tortura.

O assassinato ocorreu em 18 de fevereiro de 2017. Consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que o suspeito teria asfixiado Cláudio Sérgio Andrade Lima, 42 anos, por meio estrangulamento, para evitar que a vítima fugisse do local. Logo depois do assassinato, Carlos teria arrastado o corpo por 80 metros, até as margens do Rio Araguaia, a cerca de um quilômetro da sede da clínica.

Após a comunicação do desaparecimento do interno, equipes da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros foram acionadas, mas não conseguiram localizar o homem.

O cadáver só foi encontrado pelo irmão da vítima, nove dias depois do crime. Ele estava fazendo buscas pela região quando avistou uma concentração de urubus na região na beira do rio. Desconfiado, ele atracou a canoa e seguiu até o local onde estava o corpo de Cláudio, já em estado de putrefação. Diante dos fatos, a polícia instaurou um inquérito para apurar o caso.

Carlos Leandro e um segundo suspeito de envolvimento no assassinato, identificado como Felipe Alves Lima, 29 anos, passaram a ser apontados como principais acusados. De acordo com informações, Felipe era um recuperando da clínica, mas que, por apresentar bom comportamento, participava das atividades no centro de reabilitação como se fosse um monitor ou coordenador. Os internos da unidade terapêutica foram ouvidos pelas autoridades policiais e prestaram diversas esclarecimentos sobre o caso, que reforçaram as acusações contra o responsável pelo centro de reabilitação.

Segundo as testemunhas, Cláudio tinha saído para pescar quando foi visto pela última vez. Um dos informantes ainda confidenciou que o homem tinha o objetivo de deixar a clínica para fugir das condições de violência física e psicológica as quais os pacientes eram submetidos.

Mas foram duas informações que chamaram a atenção da polícia. Os internos relataram que Cláudio costumava usar um relógio de marca diuturnamente e que, após o seu desaparecimento, o acessório foi encontrado no guarda-roupa de Carlos Leandro. Os pacientes também afirmaram que o dono do estabelecimento e Felipe voltaram para casa com as roupas sujas de barro no dia do crime, o que sugere que a vítima tentou resistir ao ataque e entrou em luta corporal com a dupla antes de ser executada.

Maus tratos

Em depoimento ao juízo da comarca local, testemunhas contaram que Carlos tinha uma conduta extremamente violenta com os pacientes. Moises* (nome fictício) disse que já presenciou o dono da clínica enforcando e espancando um interno de idade avançada, além de fazê-lo dormir amarrado nas ripas da cama. O suspeito também teria tirado a roupa do idoso e jogado água gelada em seu corpo como forma de castigo, já que o homem fazia suas necessidades fisiológicas no local errado.

Os episódios de tortura não param por aí. As demais vítimas revelaram que Carlos Leandro, Felipe e os demais coordenadores da unidade aplicavam fortes medicações, sem nenhuma prescrição médica, para dopar os pacientes. Conforme os relatos, as dependências do centro de reabilitação eram sujas, sem materiais de higiene e que o espaço só passava por limpeza quando havia visitas.

Roberto* revelou que teve três costelas fraturadas em razão das agressões sofridas na clínica. Ele e outras testemunhas também destacaram que os suspeitos utilizavam equipamentos de choque para intimidar os internos que tentassem fugir e que os gestores da unidade chegaram a estuprar um rapaz, apenas pelo fato dele ser homossexual.

A vítima confirmou que foi molestada pelos responsáveis do local e disse que foi ameaçada por Carlos, caso a polícia descobrisse alguma coisa.

Investigações e andamento processual

Diante das evidências, a Justiça determinou, em maio de 2017, que Carlos Leandro, Felipe Alves Lima e outras duas pessoas que ajudavam a monitorar os pacientes, identificadas como Wiler Moreira Júnior e Eduardo Araújo Ayres do Couto, fossem presos temporariamente. No entanto, o grupo foi colocado em liberdade após alguns dias detido.

Porém, com o decorrer das diligências investigativas, o Foro da Comarca de Barra do Garças expediu mandados de prisão preventiva contra Carlos Leandro e Felipe. No entendimento do juiz Douglas Bernardes Romão, da Primeira Vara Criminal, o cumprimento das ordens judiciais se fazia necessário para garantir a ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal.

No entanto, apenas o segundo foi encontrado, já que o dono da clínica fugiu da cidade. A ação penal precisou ser desmembrada para que o processo não tivesse o seu andamento afetado e em novembro de 2019, Felipe Alves Lima foi condenado pelo Tribunal do Júri de Barra do Garças a 19 anos de reclusão, em regime fechado.

Carlos Leandro foi localizado após ficar um período foragido e se encontra detido atualmente no Presídio Professor Jacy de Arruda, em Uberlândia-MG.

Um pedido solicitando a transferência do réu para Mato Grosso já foi feito. Contudo, o processo de recambiamento ainda depende da anuência do juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, titular da Vara de Execuções Penais do município mineiro.

Outro lado                                                                                    

Circuito Mato Grosso tentou entrar em contato com os telefones da Clínica Terapêutica de Barra do Garças, mas não obteve sucesso.

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