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Edu Lobo chega aos 80 anos no posto de gênio mais discreto da MPB

♪ ANÁLISE – Nascido em 29 de agosto de 1943, o carioca Eduardo de Góes Lobo – Edu Lobo, na certidão artística – chega hoje aos 80 anos no posto de gênio mais discreto da MPB.

Não há reportagens e textos especiais nos cadernos culturais dos principais jornais do Brasil, como houve em 2022 nos 80 anos de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento.

E como certamente haverá em 2024 por ocasião do 80º aniversário de Chico Buarque, parceiro de Edu na criação de antológicas trilhas sonoras para espetáculos de dança e teatro – trilhas que começaram a ser eternizadas há 40 anos com a edição do disco O grande circo místico (1983).

A ausência de badalação em torno da efeméride está em sintonia com o temperamento deste cantor, compositor, músico polivalente e arranjador avesso aos holofotes e econômico na concessão de entrevistas.

Discípulo da maestria soberana do cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), com quem dividiu de igual para igual o álbum Edu & Tom – Tom & Edu (1981), o compositor iniciante se embeveceu com as modernidades da bossa nova, como ficou explícito no EP Eduardo Lobo em bossa-nova (1962), disco de juventude que sumiu na poeira do tempo.

O primeiro título relevante da discografia do artista foi A música de Edu Lobo por Edu Lobo, gravado com o Tamba Trio e editado em 1964. No ano seguinte, Edu viu a inédita música Arrastão (1965) – parceria com Vinicius de Moraes (1913 – 1980) – vencer o primeiro festival de relevo na voz de Elis Regina (1945 – 1982).

Dois anos depois, o próprio Edu defendeu a vitoriosa Ponteio (1967) – parceria com o letrista João Carlos Capinan – na competição mais importante da era dos festivais. Mas jamais se deslumbrou com as glórias efêmeras da fama. Naquele momento, Edu poderia ter se tornado um popstar, como vislumbraram alguns profissionais do mercado, mas preferiu se recolher.

Gravado pelas maiores cantoras do Brasil, Edu Lobo optou por desenvolver o requintado cancioneiro autoral, conciliando na criação a própria identidade autoral (nítida desde o disco de 1964) com a referência máxima de Jobim e com a influência musical da ascendência pernambucana, herdada do pai, o compositor e jornalista Fernando Lobo (1915 – 1996).

A evolução contínua do compositor ficou evidenciada nos cinco álbuns – Cantiga de longe (1970), Edu Lobo (1973, disco conhecido como Missa breve), Limite das águas (1976), Camaleão (1978) e Tempo presente (1980) – lançados na década seguinte.

Compositor que domina a arte de criar melodias e harmonias, Edu geralmente recorreu a parceiros letristas como Aldir Blanc (1946 – 2020), Cacaso (1944 – 1987), José Carlos Capinan, Paulo César Pinheiro, Torquato Neto (1944 – 1972) e Vinicius de Moraes (1913 – 1980), o primeiro parceiro relevante, letrista de obras-primas como Canto triste (1966).

Com Chico Buarque, Edu compôs a partir dos anos 1980 uma série de canções pautadas pela maestria de ambos. Beatriz (1983), Choro bandido (1985) e Valsa brasileira (1988) são algumas dessas canções que seduzem vozes refinadas como a de Mônica Salmaso, a cantora preferida de Edu na atualidade.

Enfim, qualquer ouvinte e admirador de MPB tem noção da dimensão de Edu Lobo na história da música brasileira. E a discrição do artista somente contribui para torná-lo ainda maior hoje, 29 de agosto de 2023, dia do 80º aniversário do gênio mais reservado da MPB.

Fonte: G1 Notícias

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