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Eles estão em falta em MT; saiba como o trabalho de peritos criminais impacta na sua vida

Um cadáver que espera horas para ser removido, um laudo de acidente que demora mais que 20 dias, uma estrada bloqueada por mais de 10 horas, um criminoso solto por falta de provas. Estes são apenas alguns problemas práticos que a falta de peritos criminais traz à população.

Em Mato Grosso, o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais do Estado, Antônio Magalhães, explica que os atrasos são fruto da falta de servidores, carência de unidades descentralizadas e aparelhos modernos.

Ele conta que está lotado em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), mas que atende casos em Nova Maringá. A distância entre as cidades é de 350 km, o que exige quatro horas de volante antes de chegar ao local de um crime ou acidente.

Antonio Magalhães é servidor e presidente do Sindicato dos Peritos Criminais de Mato Grosso (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Como ele, outros servidores que atuam na mesma função precisam se deslocar longos percursos para atender uma ocorrência.

“Uma vez demorei oito horas para chegar ao local porque era na zona rural e tinha estradas vicinais, atoleiros e uma série de obstáculos. Aí, soma-se a essas oito horas, o tempo que o policial levou entre ser informado e chegar à ocorrência. Lembrando que o crime já tinha acontecido há algumas horas quando alguém achou o corpo. Resumindo, tem situações em que a retirada do corpo demora mais de 24 horas”.

Além da estrada longa e tortuosa, situações como essas têm outras dificuldades, como a contaminação do local do crime com a presença de curiosos, a movimentação do corpo – a ponto de ser quase impossível identificar a posição original – e a exaustão do profissional.

Magalhães explica que as locomoções são mais complicadas nas cidades de Aripuanã, Colniza e Alta Floresta. Principalmente, por terem muitos distritos e áreas rurais, que tiram o sono até mesmo de um navegador de rally.

Bloqueio de rodovias

Quando um acidente grave, com feridos ou com mortos acontece nas rodovias, o engarrafamento é certo.

As ocorrências registradas no trecho de duplicação da BR-163, perto de Diamantino (180 km de Cuiabá), por exemplo, precisam de no mínimo quatro horas para serem atendidas.

Caso a pista seja bloqueada por completo, a situação fica ainda mais grave. Significa horas e horas do perito parado na pista, bem como engarrafamentos quilométricos.

Situação que poderia ser minimizada com unidades descentralizadas.

Uma das cidades consideradas críticas é Nova Mutum (240 km de Cuiabá). Ela também é cortada pela BR-163, mas desta vez em direção ao Norte, então, é atendida por Sorriso, que fica a 160 km de distância.

“Lá, a unidade está sobrecarregada e qualquer atendimento demora muito”.

Laudos e mais laudos

Em cada um dos plantões, um perito atende diversos casos e usa as folgas e espaço entre turnos para fazer os laudos. Os documentos precisam ser elaborados com minucia porque serão anexados em processos judicias e solicitações de seguro, por exemplo.

A lei estabelece o prazo de 20 dias para liberação de um laudo, mas além da falta de equipamentos e gente, existe a complexidade inerente a cada caso.

Magalhães detalha que é possível respeitar o tempo determinado quando o crime não precisa de pesquisas extras, cálculos com alto grau de dificuldade e analise de imagem.

A contaminação de cenas de crime é um dos problemas causados pela demora e enfrentados pelos peritos (Foto: Lenine Martins)

Ele cita um caso famoso, o do atropelamento de três jovens em frente a Boate Valley. “Neste caso, tivemos que fazer a perícia de local, analise de imagem e reconstituição do crime. Foram 30 dias”.

Nessa situação em específico, existiu ainda o clamor popular que acelerou o processo, contudo, Magalhães garante que pressões externas são raras e não afetam o trabalho.

Entre os laudos feitos pela perícia técnica, alguns demoram meses para serem liberados.

Atualmente, Mato Grosso tem 269 peritos técnicos na ativa, enquanto o ideal seria 350, conforme avaliação do sindicato.

Ver e não ter

O presidente do sindicato reivindica também a compra de novos equipamentos para o trabalho dos peritos. Ele lembra que quando vai a feiras de tecnologia, vê inovações que facilitariam muito a vida dos servidores, porém estão distantes da realidade deles.

Enquanto as feiras mostram tabletes que podem reconstruir o local do crime em 3D, os peritos de Mato Grosso ainda fazem os desenhos a partir da coleta das medidas com a ajuda de trenas.

Outro ponto que precisa de mais investimentos, na opinião do presidente, é para a análise de celulares. Atualmente, existem cinco aparelhos que fazem isso no Estado todo.

“Temos que imaginar que tudo funciona por celular hoje. Então, existe muitos pedidos de perícia e eles são atendimento conforme a ordem de chegada”.

Dia do Perito

Nesta quarta-feira (4) foi comemorado o Dia do Perito Criminal. Um profissional decisivo na hora de se desvendar um crime, por meio da analise de provas a partir de métodos científicos.

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