2 – Energético é a melhor opção para quem quer energia?
Os energéticos unem a cafeína e o açúcar, entregando o estímulo que prometem. No entanto, o que os especialistas afirmam é que eles não são a melhor opção.
O educador físico Bruno Gualano, que é professor do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP, explica que, em razão do alto teor de açúcar presente no energético, uma xícara de café é mais recomendável.
“O mecanismo de ação estimulante é o mesmo, que é a cafeína. Não existe evidência de que o energético seja superior ao café. E essas bebidas ainda têm uma quantidade enorme de açúcar. Então, com isso, o café é a melhor opção”, explica.
O médico neurologista Marcel Simis, diretor da Associação Paulista de Neurologia, explica que, além disso, é preciso tomar cuidado com a dose. Tomar várias latas de energético pode ser prejudicial.
O energético tem alta concentração de cafeína e, combinado a uma alimentação já com outros componentes que também têm cafeína, pode chegar a doses que causam vício.
❗ Nesse caso, quem toma tem o efeito oposto ao desejado de ter foco e energia.
3 – Energéticos têm contraindicação?
A OMS estabelece como limite a dose diária de 400 mg de cafeína para adultos.
☕ Isso representa até quatro xícaras de café em cápsula ou quatro latinhas de energético, a depender da marca.
👉 No caso do café, é preciso considerar que cafés instantâneos ou solúveis têm menos cafeína do que cafés torrados e moídos.
O neurologista Marcelo Simis explica que o excesso de cafeína pode trazer efeitos colaterais como:
- arritmias cardíacas;
- ansiedade;
- vertigens;
- insônia;
- problemas de estômago;
- diarréia;
- agravamento de problemas como crises de pânico.
“A cafeína em uma dose acima desses limites de segurança pode trazer sintomas como aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Então, pessoas com problemas cardíacos, com sintomas de ansiedade e insônia precisam ter cautela porque podem ter os efeitos amplificados”, explica Simis.
Além disso, a cafeína pode viciar:
➡️ Conforme a pessoa aumenta a quantidade ingerida de cafeína, o organismo começa a metabolizar mais rápido. Com isso, a quantidade de adenosina (que é o neurotransmissor que dá o sinal de cansaço) aumenta e vai ser necessário mais cafeína para suspender esse ciclo.
➡️ Com esse processo, o corpo dá respostas que podem levar a uma espécie de ritual de ingestão diária de cafeína alta, que pode se tornar viciante. E o organismo começa a dar os sinais de abstinência, caso a substância não seja ingerida.
“Se a pessoa já toma café, já come outros alimentos com alguma quantidade de cafeína e inclui energético, ela precisa saber que isso pode ultrapassar o limite diário e tem consequências para a saúde”, alerta Gualano.
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4 – A mistura de energético com álcool tem riscos?
Uma mistura comum, apesar de perigosa, é a de álcool e energético.
🍹 Com o apelo dos mais diversificados sabores, há receitas de drinks que levam a bebida como saborizante, apesar do aviso nas embalagens de que não é recomendado o consumo com bebida alcóolica.
A alta no consumo de energéticos no país também é puxada pela mistura, popular especialmente entre os mais jovens.
A cafeína e a bebida alcoólica têm efeitos opostos. Várias pesquisas indicaram que, quando unidas, essas substâncias causam reações graves:
➡️ O estimulante da cafeína neutraliza o efeito sedativo do álcool, dando uma falsa sensação de sobriedade, o que faz com a pessoa aumente a ingestão de bebida alcóolica. Ou seja, a pessoa acha que está sóbria e, por isso, ainda pode beber.
➡️ Outro ponto é a exposição a comportamentos de risco. O álcool tira a inibição e isso é reforçado pela cafeína. Pesquisas mostram que isso faz com que as pessoas estejam mais propensas a comportamentos de risco como dirigir alcoolizado, se envolver em brigas e fazer sexo desprotegido, por exemplo.
“O álcool tem efeito depressor, atua inibindo a atividade do lóbulo frontal no cérebro, que controla os nossos impulsos. Por isso, a pessoal alcoolizada fala o que não queria [se estivesse sóbria], fala alto, fica mais agressiva. O julgamento dela piora e, então, se coloca em risco. Isso, combinado com a bebida estimulante, aumenta o potencial de a pessoa se colocar em risco porque o efeito depressor do álcool é mascarado”, explica o médico Marcel Simis.
Nos Estados Unidos, esses foram os pontos que a FDA levou em consideração para suspender a venda de bebidas alcoólicas comercializadas com a mistura.