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‘Gostaria de ter filho, mas queria ser o pai’: como sobrecarga afeta a maternidade

Ainda que alguns poucos casais consigam dividir tarefas dos filhos, como levar à escola ou ao médico, por exemplo, ainda há uma carga mental que segue sendo de mulheres.

“Será que o lanche está certinho? Será que ele comeu? Será que ele foi agasalhado? Será que o presente do amiguinho está na mochila da escola?” Preocupações como essas se somam a tantas outras cargas que mães carregam, enquanto conciliam a criação da criança, o trabalho doméstico e a carreira.

E é o que também tem feito mães adoecerem por estafa e exaustão, como explica Vera Iaconelli, doutora pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (18).

“Agora, a gente já vive outros atravessamentos, por exemplo, o da ideologia neoliberal. E o que acontece aí: acontece que essa mãe, além de tudo, ela tem que performar: ela tem que ser bonita, eternamente jovem, ter uma vida social, cuidar dos filhos, ser CEO de uma empresa, trabalhar dia e noite…”, diz Iaconelli.

Tais cobranças, como explica Iaconelli, que é doutora pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, têm refletido no desejo pela maternidade. Mulheres até querem ter filhos, mas sem as cobranças e expectativas que são impostas ao sexo feminino.

“A gente está se deparando com uma nova geração que fala ‘não, eu não quero ter filho’ ou ‘quero ter filho, e isso é simplesmente impossível’ ou ‘gostaria de ter tido’. Porque tem as mulheres que simplesmente não querem ter filhos, e tá tudo ok, mas tem as mulheres que até gostariam, mas que estão desistindo porque dizem exatamente isso: ‘no próximo filho, eu gostaria de ser o pai’.”

“Ou seja: ‘gostaria de ter descendência, que levasse meu nome, que fosse meu filho, que eu pudesse amar, que eu pudesse até cuidar e fazer um monte de coisas por ele, mas eu gostaria de poder também ter uma vida, uma vida amorosa, sexual, trabalho… Sem a culpa, sem o peso, sem a sensação de que eu estou sempre em falta com algo para o qual eu deveria estar 100% dedicada’.”

Ainda que alguns poucos casais consigam dividir tarefas dos filhos, como levar à escola ou ao médico, por exemplo, ainda há uma carga mental que segue sendo atribuída somente às mulheres.

“A carga mental, ou seja, a preocupação, permanece na cabeça da mulher, porque ela acha que ela é a responsável. […] O homem é criado para estar no trabalho dele e acabou. Ele não vai se preocupar com nada, porque ele sabe que as mulheres são as responsáveis por esse tipo de trabalho. Então, isso é uma das características do burnout, que é a carga mental.”

Fonte: G1

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