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“Mãe, eu preferia estar contaminado, daí você ia ficar do meu lado, cuidando de mim”, diz filho de médica tangaraense, de 6 anos

O coronavírus (covid-19), vírus avassalador que já ceifou a vida de mais de 543 mil pessoas em todo o mundo, sendo cerca de 66 mil somente no Brasil, pode acometer qualquer pessoa, sem distinção de idade, gênero, profissão, posição social. Ninguém está seguro, nem mesmo a classe médica e os profissionais da saúde, que atuam diretamente com pacientes, infectados ou não, e estão na ponta de uma pirâmide de risco.

Ou seja, nem mesmo os heróis da vida real estão imunes.

De máscara, a médica auxilia o filho nos estudos (Imagem: Arquivo pessoal)

Em todos os lugares, muitos desses profissionais, ao atuar na linha de frente de combate à doença, perderam a vida ou foram contaminados e ficaram isolados, internados, em quarentena até se recuperar. Os demais se isolam da família para evitar a contaminação.

Em Tangará da Serra há inúmeros casos do tipo, envolvendo médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais da saúde, que tiveram que se afastar de seus afazeres e se isolarem, inclusive das famílias. Não porque estavam contaminados, mas para protegê-los da infecção.

Rodineia e o marido, Nelson Júnior, são médicos e atuam na saúde tangaraense (Imagem: Arquivo pessoal)

É o caso da médica Rodineia Maciel Dutra, que atua na saúde pública e privada de Tangará da Serra. Ela é uma entre os profissionais que atuam nessa linha de frente de combate ao vírus. Ela não foi contaminada, mas preferiu se distanciar do filho Vinícius para protegê-lo dos riscos. “Fico até emocionada de falar, pois eu sofri muito, de ficar longe do meu filho, a gente sofre ainda porque a nossa rotina mudou muito”, lembra.

Rodineia ficou isolada em casa, enquanto o filho de 6 anos foi para um sítio para ficar distante do perigo. “Meu filho saiu de casa, ficando afastado da gente por muito tempo. Mesmo depois que decidimos que ele retornasse, a nossa rotina mudou totalmente”, conta.

Médica Rodineia toma todas as medidas de restrição (Imagem: Arquivo pessoal)

Ela e o marido, Nelson Júnior, que também é da área da saúde, trabalham no enfrentamento ao covid-19 em Tangará da Serra e estão suscetíveis ao vírus diariamente. “Eu trabalho na área da covid, meu marido também, ele trabalha em UTI e a gente atua em outros serviços de frente, no SAMU e UPA”, explica.

Há mais de três meses, desde que a pandemia começou, a rotina da família mudou, o filho foi levado para o sítio, ficou lá por um bom tempo e agora voltou, mas os cuidados são rotineiros. “A gente já está nisso há três meses, não conseguimos ficar separados tanto tempo, mas na primeira vez eu fiquei 21 dias sem ver meu filho”, conta, lembrando que não podia sequer abraçá-lo.

Emocionada, Rodineia conta que teve o coração partido quando, depois de 21 dias longe do filho, foi vê-lo, tomando todas as medidas para evitar a contaminação dele. Ele disse algo que a emocionou muito, na hora da despedia. “Ele me disse: Mãe, sabe? Eu preferia estar contaminado, e eu disse, ué, filho, por quê? Não fala uma coisa dessas. E ele falou: é porque daí você ia ficar do meu lado, cuidando de mim. Aí eu resolvi trazer ele de volta”, relata a médica.

“É uma decisão muito difícil”, completa.

Mãe e filho em foto antes da pandemia (Imagem: Arquivo pessoal)

Hoje, Rodineia continua na ativa, sobrecarregada, trabalhando muito, na linha de frente de combate à doença. Ela e o marido tomam todos os cuidados para evitar a contaminação do filho e demais familiares.

Essa é a rotina de muitos profissionais da saúde, das áreas pública ou privada, que estão optando por deixarem suas residências e passar essa temporada de pavor longe dos familiares, com medo de contaminarem os entes queridos.

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