O fim de ano está próximo e a realidade para a maioria dos brasileiros é utilizar o 13º salário para quitar dívidas. Segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), 90% dos brasileiros pretendem usar o dinheiro para “sair do vermelho”.
Há dez anos a mesma pesquisa também revelou um aumento no número de pessoas que usaram o benefício para quitar dívidas, mas o percentual era menor do que hoje: 64%. Para o professor de economia Alexandre Borbely, o motivo da disparidade está diretamente relacionado à recessão enfrentada pelo país nos últimos anos. “Passamos por uma crise muito séria e o desemprego é grande”.
Borbely acrescenta que a renda dos brasileiros caiu nos últimos 10 anos e que esse é um dos motivos da população estar mais endividada. “Com a renda baixa o consumidor compra menos, mas se endivida mais”, explica o economista.
Principais dívidas
Outro dado apontado pela pesquisa é que o cartão de crédito (49%), assim como o cheque especial (45%), estão entre as dívidas que os brasileiros pretendem quitar com o 13º neste final de ano. É o caso da organizadora de eventos Leticia Cavalcante, 23 anos, que pretendia utilizar o dinheiro para investir, mas não vai conseguir devido às contas atrasadas.
Já a auxiliar administrativa Ligia Taeko, de 47 anos, relembra que usou o pagamento extra no ano passado para sanar as dívidas. “Paguei meu cartão de crédito e, em janeiro, a situação financeira já estava mais tranquila”. Ligia admite que em 2019 controlou melhor os gastos no cheque especial e no cartão de crédito. “Não vou utilizar o 13º para acertar as contas”, comemora.
Segundo o economista Alexandre Borbely, a melhor forma para amortizar as dívidas com juros altos é por meio de uma negociação direta com a instituição financeira. “O correntista precisa negociar e não aceitar a imposição dos bancos”. O economista também alerta que, caso o banco não reduza as taxas de juros, existe a possibilidade de buscar as cooperativas de crédito para acertar as contas. “Dê sempre prioridade ao pagamento de dívidas com maiores taxas de juros”, completa.