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‘Wish’ não realiza o desejo de se tornar uma animação memorável da Disney; g1 já viu

Filme foi criado para celebrar os 100 anos de existência da Disney e usa diversas referências de obras marcantes e superiores do estúdio, o que tira a sua originalidade.

'Wish' não realiza o desejo de se tornar uma animação memorável da Disney; g1 já viu

“Wish: O poder dos desejos”, filme que estreia nos cinemas na primeira quinta-feira do ano (4), conta com diversos elementos que consagraram as animações da Disney:

  • Uma história que se passa num reino distante;
  • Uma mocinha destemida e de bom coração;
  • Elementos mágicos que mudam a vida dos personagens;
  • Bichinhos fofinhos e (geralmente) falantes, que ajudam a protagonista e servem de alívio cômico;
  • Um vilão cujos principais objetivos são fazer maldades e destruir a mocinha;
  • Muitas canções interpretadas de forma emocionada e épica;
  • Um bom cuidado técnico que gera um visual deslumbrante.

Só que, mesmo com todos esses ingredientes, “Wish” não resulta numa animação memorável, como outras produções recentes dos estúdios Disney, como “Frozen”, “Zootopia” ou “Moana”. O filme carece de maior originalidade e, principalmente, de mais coração. Não que o longa não tenha seus momentos divertidos e possa até entreter quem não for muito exigente. Só que o resultado final se mostra aquém do que a Disney já fez anteriormente e muito melhor.

A trama de “Wish” se passa no Reino Mágico de Rosas, cujos habitantes vivem a expectativa de ver seus desejos realizados pelo Rei Magnífico, pois ele aprendeu a lidar com a magia e sempre escolhe uma pessoa para transformar seus sonhos em realidade. Até o dia em que Asha, uma jovem e idealista moradora do reino, percebe que as intenções do monarca não são tão nobres assim.

Desiludida com o rei, Asha faz um pedido aos céus com tamanha vontade que acaba sendo respondida através de uma estrela mágica, que vai parar em Rosas e também é capaz de realizar desejos. Preocupado com a influência de Asha e a chegada dessa nova fonte de magia, Magnífico decide voltar todas as suas forças contra a jovem e sua nova amizade, o que pode acabar com a paz e a harmonia do reino.

Asha percebe que há algo de errado numa cena de 'Wish: O poder dos desejos' — Foto: Divulgação

Asha percebe que há algo de errado numa cena de ‘Wish: O poder dos desejos’ — Foto: Divulgação

Falta de magia

“Wish” é, inegavelmente, uma animação com um acabamento impecável. Especialmente pela ideia de misturar técnicas de animação tradicional com as mais modernas, criadas por computador, para criar os movimentos e texturas dos personagens.

O resultado é interessante e chama a atenção, mesmo para quem não entende muito do assunto. Além disso, o filme trabalha bem com as cores e cria um espetáculo agradável para os olhos.

Asha observa seu bode Valentino ter seu pedido realizado pela estrelinha mágica em 'Wish: O poder dos desejos' — Foto: Divulgação

Asha observa seu bode Valentino ter seu pedido realizado pela estrelinha mágica em ‘Wish: O poder dos desejos’ — Foto: Divulgação

Só que, mesmo com tantas qualidades técnicas, “Wish” acaba se tornando apenas uma animação qualquer, sem maiores relevâncias para a Disney. As coisas vão acontecendo na tela de forma burocrática e sem criatividade. Isso deixa a situação mais grave quando se sabe que “Wish” foi concebido para marcar a celebração de 100 anos de criação da casa do Mickey Mouse.

Por isso, o filme se vale de diversas referências de outros desenhos lançados no passado e que, sim, são marcantes até hoje. Assim, não é muito difícil notar menções a obras como “Peter Pan”, “Mary Poppins”, “Frozen”, entre outras. A ideia pode até divertir, mas não pode ser o mais importante para contar sua história.

Para alguns, isso pode até ser defendido como uma homenagem a tudo que a Disney já fez no passado. Mas o que tornou suas animações inesquecíveis foi o bom equilíbrio entre boa técnica e magia. E, infelizmente, em “Wish”, apenas uma parte disso é realizado.

Um exemplo disso é uma cena em que Asha apresenta o reino das Rosas a novos visitantes. O filme não tem pudores em praticamente copiar tudo o que é mostrado numa das primeiras sequências de “Encanto”. Até mesmo a música cantada pela protagonista é muito parecida com a da animação vencedora do Oscar de 2022, o que causa uma certa decepção pela sensação de preguiça dos realizadores.

A estrela mágica realiza pedidos em 'Wish: O poder dos desejos' — Foto: Divulgação

A estrela mágica realiza pedidos em ‘Wish: O poder dos desejos’ — Foto: Divulgação

Estrelinha Tamagochi

Aliás, o humor do filme também é atingido por essa falta de vontade de se fazer algo mais criativo. A maioria das piadas é fraca e sem graça. Nem mesmo os momentos mais engraçadinhos com Valentino, o bode de estimação de Asha que começa a falar graças aos poderes da estrela mágica (Marcelo Adnet dubla o personagem na versão em português), funcionam a contento. O personagem, no final das contas, fica até um pouco chato.

A estrela mágica que aparece no filme também não é bem realizada. O seu design lembra muito um Tamagochi, bichinho virtual que foi uma febre entre as crianças alguns anos atrás e, embora simpática, não é muito diferente da Tinkerbell (Fada Sininho para os antigos) em termos de poderes e personalidade. Dava para trabalhar esses aspectos um pouco melhor para que ela se tornasse mais marcante.

Outro problema que o filme tem é na questão dos musicais. Embora tenha em “Um desejo só”, cantada por Luci Salutes (no original, “This wish”, interpretada por Ariana DeBose), uma boa canção principal, as outras não conseguem ser marcantes e, para piorar, não são bem inseridas na história, soando deslocadas e desnecessariamente exageradas, prejudicando ainda mais o resultado final.

O Rei Magnífico é o grande vilão de 'Wish: O poder dos desejos' — Foto: Divulgação

O Rei Magnífico é o grande vilão de ‘Wish: O poder dos desejos’ — Foto: Divulgação

Boa mocinha contra ótimo vilão

A decepção com “Wish” fica ainda maior quando se sabe que o estúdio chamou alguns dos responsáveis de sucessos recente do estúdio para comandar esse projeto. O filme foi dirigido por Chris Buck (de “Frozen” e “Frozen 2”) e Fawn Veerasunthorn (“Raya e o último dragão”) e teve o roteiro escrito por Jennifer Lee, também diretora dos dois “Frozen”, e Allison Moore. Mesmo com a junção de todos esses talentos, o que parecia ser a criação de mais um grande sucesso acabou gerando algo aquém de suas intenções, infelizmente.

Pelo menos, eles conseguiram fazer do Rei Magnífico um vilão como não se via há muito tempo numa animação da Disney. Ao contrário dos malfeitores recentes, que não conseguiram ser tão marcantes por serem mal escritos, em “Wish” o monarca feiticeiro se revela um antagonista à moda antiga.

O Rei Magnífico se torna sedento de poder em 'Wish: O poder dos desejos' — Foto: Divulgação

O Rei Magnífico se torna sedento de poder em ‘Wish: O poder dos desejos’ — Foto: Divulgação

Dissimulado, vingativo e sedento por poder, Magnífico (dublado na versão em inglês por Chris Pine) é um dos grandes acertos do filme e se mostra um bom opositor a Asha, que embora não tenha a mesma força de outras mocinhas, como Moana ou Elza (olha aqui “Frozen” novamente), pelo menos tem algum carisma. Pena que o roteiro acabe perdendo a chance de torná-la ainda mais impactante.

“Wish: O poder dos desejos” deveria ser o grande presente para o público que sempre prestigiou as animações da Disney. Por isso, deveria ter sido melhor trabalhado para dar a seus espectadores muito mais magia e encantamento por conseguir chegar bem ao seu centenário.

Há apenas um momento que o filme consegue isso, de forma genuína. Só que é justamente na cena pós-créditos, que encerra a sua projeção. Ou seja: quando a animação acerta, já é bem tarde.

Cena do filme 'Wish: O poder dos desejos', da Disney — Foto: Divulgação

Cena do filme ‘Wish: O poder dos desejos’, da Disney — Foto: Divulgação

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